
Está o país pachorrento, meio adormecido, preparando-se para o tédio absoluto do debate do Estado da Nação - um acontecimento que já sabemos como começa, como se desenrolará e como vai terminar -, neste calor pesado que nos faz suspirar por um banho de mar a toda a hora, e eis que somos surpreendidos por duas notícias espectaculares que não só vão abanar toda a estrutura mole do Verão, do horário único, do faz que não faz, do amanhã logo se vê, deste dolce fare niente, como vão despertar o país desta letargia em que parece cair cada vez que chega o Solstício de Verão.
Primeiro, é o partido socialista português a anunciar, sem muito pompa nem circunstância, que uma das suas bandeiras políticas para as eleições legislativas de Outubro é a proposta de criação efectiva do estatuto de cidadão lusófono. Dito por outras palavras, está a ser proposta a livre circulação de cidadãos provenientes dos e entre os países de língua oficial portuguesa (um acordo que já existe, curiosamente, entre Portugal e Brasil). Dizem as más línguas que isto acontece só agora por causa das filas de portugueses à porta da Embaixada de Angola em Lisboa a concorrer por um visto de entrada na nova meca africana, imagem que é preciso a todo custo evitar, afinal a ordem estabelecida não pode ser quebrada assim do pé para a mão.
Certo é que com esta medida, com a qual concordo em absoluto, milhares de cabo-verdianos poderão evitar a chatice, o transtorno e por vezes a humilhação que implica muitas vezes ter que solicitar um visto para entrar em território luso, processo onde a vida de cada qual é esmiuçada ao mais intimo pormenor em troca de uma autorização controlada a cada passo, e mesmo assim, sem se conseguir evitar que nas fronteiras propriamente ditas, e apesar de devidamente documentados, os cidadãos crioulos sejam quase sempre tratados pelos zelosos funcionários do SEF como potenciais emigrantes ilegais, para não dizer bandidos ou mesmo terroristas.
E por falar em terroristas, agora é que eles vão passar a saber da existência deste pequeno país, a poucas léguas da costa ocidental africana e que não só tem um povo bonito que adora festas e música, como tem um território com altas vantagens geoestratégicas, o que pode vir a ser um grave problema para a segurança nacional. É que a anunciada visita de Hilary Clinton a Cabo Verde não poderia acontecer em pior altura, pois vai apontar todas as baterias mediáticas para a nossa forma vagarosa e pacífica de estar - principalmente no Verão - e ainda se lembram de fazer bases aqui (uns e outros), porque a partir desta altura, já deixamos de fazer parte dos locais onde a probabilidade de acontecer um atentado terrorista estaria muito próxima do zero absoluto. Hilary, no ta kurtib, ma fka na kaza, please!
(Era mais fixe se fosse o Obama!)
Oh João, please! Acho esse generalizado, não és o único a pensar assim, que a partir desta altura, já deixamos de fazer parte dos locais onde a probabilidade de acontecer um atentado terrorista estaria muito próxima do zero absoluto. uma patetice.
ResponderEliminarEm boa verdade, ninguém pode, com segurança, afirmar que está livre disso.
Com o devido respeito, Mica, uma patetice é levar tão a sério uma frase escrita com humor e ironia, como era o caso. Mas a culpa é do articulista, certamente! Abraço.
ResponderEliminarObama é próximo ki ta bem de certeza! e un ta esperá k´ma el ta trazê más uns milhões pa MCA.
ResponderEliminarP.S. Oh Djon, desculpam ess criol porque inda un ka prendê dret manera que gente ta escrevê c´ALUPEC
Trankil, Carla! Kem é ke ja sabe xkreve barlaventu n'Alupek? Mim un ta ba ta tenta, ma koza ta difisil... :)
ResponderEliminarEntão, não devía ser Karla? Alguém me eisplike por favor o porquê da fobia ao "C"...
ResponderEliminarZito Azevedo
Zito, pelo que entendi, nos nomes próprios (como o do próprio país) pode-se manter o formato "original" português. Isso aplica-se a Carla ou a qualquer outro nome pessoal. Quando à fobia, não sei! Tenho que perguntar ao meu psiquiatra...
ResponderEliminarah,ainda bem kue bô explicá. jam tava ta pensá que nha nome ka tava existi más!
ResponderEliminarJB, chill um pouco meu caro. O meu comentários não foi pessoal.
ResponderEliminarCarla, :)
ResponderEliminarMica, tranquilo. Mas quem utilizou o termo "patetice" não fui eu! E sei que não é nada pessoal. Bo é gent boa! Kel abrasu.
ui! líderes americanos a meterem o bedelho em outros países... não sei porquê, mas cheira-me a bad news...
ResponderEliminarestarão a pensar fazer aí outra base americana no Atlântico (a par das Lages nos Açores?) :-(
Pelos vistos, há excepções à fobia, o que reduz o anátema mas não explica a razão de se substituir o C por K, com a excepção dos nomes próprios...Eu peço desculpas pela minha insistência mas é que eu também falo criolo há cerca de 66 anos!
ResponderEliminarZito Azevedo
Hoje em dia já ninguém dá nada a ninguém...Quando o milionário entrega uma moeda a um pobre ele não está a dar uma esmola mas sim a investir para estar nas graças do seu deus!
ResponderEliminarZito Azevedo
Maria, vira essa boca pralá!
ResponderEliminarZito, com o devido respeito, trata-se de escrever o crioulo e não falar o crioulo, o que é bem diferente. Isto sem sublinhar que considero - e muito - a tua opinião sobre o tema.