
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa
Fernando Pessoa é assim... mágico!
ResponderEliminarÉ incrível como qdo se trata de amor até o ser humano mais desinibido torna-se acanhado. Porque será?
ResponderEliminarFernando Pessoa é mesmo Mágico
ResponderEliminarmas deixo-lhe um que também escreveu coisas lindas acerca do Amor:
Busque Amor novas artes, novo engenho
Busque Amor novas artes, novo engenho
Pera matar-me, e novas esquivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, enquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê,
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como e dói não sei porquê.
Luís de Camões
Ate me apetece apaixonar so para dedicar este poema. :)
ResponderEliminarLumadian, sem dúvida...
ResponderEliminarSisi, porque o amor, juntamente com a morte, é o que torna os humanos mais iguais... Calha a todos!
Obrigado, Gi!
Também é para isso que serve a poesia, Mya.