
Colombina, hesitante:
A Pierrot:
Eu amo-te , Pierrot...
A Arlequim:
... Desejo-te, Arlequim...
Arlequim, soturnamente:
A vida é singular!
Bem ridícula, em suma...
Uma só, ama dois...
e dois amam só uma!..
Colombina, sorrindo e tomando ambos pela mão:
Não! Não me compreendeis...
Ouvi, atentos, pois meu amor se
compõe do amor de todos dois...
Hesitante, entre vós, o coração balanço:
A Arlequim:
O teu beijo é tão quente...
A Pierrot:
O teu sonho é tão manso...
Pudesse eu repartir-me e encontrar minha calma dando a Arlequim
meu corpo e a Pierrot a minh’alma! Quando tenho Arlequim, quero
Pierrot tristonho, pois um dá-me o prazer, o outro dá-me o sonho!
Nessa duplicidade o amor todo se encerra: um me fala do céu...
outro fala da terra! Eu amo, porque amar é variar, e em verdade
toda a razão do amor está na variedade...
Penso que morreria o desejo da gente, se Arlequim e Pierrot fossem
um ser somente, porque a história do amor pode escrever-se assim:
Pierrot
Um sonho de Pierrot...
Arlequim
E um beijo de Arlequim!
Excerto do poema «Máscaras» de Menotti del Pichia
«Moonlight Sonata» de Beethoven, porque hoje em dia, falar de amor é um desporto radical.
João
ResponderEliminarSimplesmente tudo haver comigo neste momento... incrivel.
Veja o dividida no nude.
Infelizmente, não pude até agora e não vou poder dar a cara nem uma única vez no Mindelact este ano. Contra força não há resistência. Ultrapassa-me. Mas garanto-te que fico triste por isso, muito triste, porque embora não seja nenhuma expert no assunto, gosto imenso do teatro. Do que faz rir, do que faz chorar, do que me faz ficar indignada, enfim, gosto imenso do teatro.
Tenho ouvido, roendo de inveja, alguns comentários muito positivos. Penso que mais uma vez a organização do Mindelact vai estar de parabens.
Já escrevi demais hoje.
Abraços e continuação de muita m...
Nude
Este poema é tão genial porque todos nós, que ainda não perdemos a capacidade de amar, estamos de certa forma divididos entre o sonho e o desejo. Entre o fazer e o pensar. Entre o material e o etéreo.
ResponderEliminarMenotti Del Picchia
ResponderEliminarSão Paulo, SP, Brasil
1892 (*) - 1961 (+)
Biografia:
Paulo Menotti del Picchia nasceu em São Paulo, em 1892. Fez seus estudos secundários em Pouso Alegre, Minhas Gerais, onde aos 13 anos de idade, editou o jornalzinho "Mandu", nele inserindo suas primeiras produções literárias. Viveu em Itapira, cidade do interior paulista, e aí editou "Juca Mulato", sua obra de maior repercussão, que já teve dezenas de edições. É autor de romances, contos e crônicas, de novelas e ensaios, de peças de teatro, de estudos políticos e de obras da literatura infantil. Fundou jornais e revistas, foi fazendeiro, procurador geral do Estado de São Paulo, editor, diretor de banco e industrial. Fez pintura e escultura. Foi deputado estadual e federal. É tabelião e ocupou diversos e altos cargos administrativos. Pertence às Academias Paulistas e Brasileira de Letras.
É impossível, para quem está no teatro, não amar. Mesmo aqueles que têm a triste capacidade de odiar amam.
ResponderEliminarEssa é uma das partes mais fortes do texto do espectáculo.
Um final em grande. Esta sonata é fenomenal, mas não sei...
Eh, pá... é que mesmo estando a trabalhar com a música para o nosso espectáculo, ainda não consigo tirar da minha perturbada cabecinha aquele "O sonho dos outros" de Bernardo Sassetti.
João,
ResponderEliminarparabéns a toda a equipa pela obra, no seu todo. Aplausos mil!!!!!
Estive lá, ri, emocionei, inspirou-me, vibrei....chiça!!!!!!!! :)
Não sou expert, crítica de teatro, mas o que senti vale muito nê :)
Uma poetisa brasileira que amo, a Elisa Lucinda, disse uma vez que a poesia só é poesia quando cabe na vida do outro.... podemos fazer um plágio para Máscaras, que afinal foi uma autêntica poesia e tenho certeza que cabeu na vida de muitos, pelo menos dos que ainda não perderam a capacidade de amar, como bem disseste!
Um presentinho para vocês que me proporcionaram uma noite linda
Feitos de vários
Como se máscaras fossem
Mas da alma não se escondem
A noite revela sua ternura
A noite revela sua paixão
Quem a ama sem tocar
Alguém que a ama num abraço
E ela
Sem anseios de escolher
Entre Mulher e Sonhadora
Abandona-se ao encanto
Do beijo dado
Do beijo que ficou por dar
Ah, gostei do pormenor no final "bairrismos de merda"
Abraço
Vânia
Ligeirinho, belo suplemento. Obrigado.
ResponderEliminarNeu, o problema é que não consegui colocá-lo no imeem. Mas vou fazê-lo!
Vânia, que lindo comentário. São palavras como essas que nos dão animo para continuar. Cada vez mais penso que no mundo acelerado de hoje, onde as pessoas não tem tempo para saborear o ritmo adocicado do amor, um espectáculo destes faz todo o sentido...
Apesar do poema prefiro , sem duvida, a tua selecçao musical.
ResponderEliminarCerto: mas as duas casam bem, confessa lá!
ResponderEliminarÉ impressão minha ou falta-te por aí uma costela de romantismo? Pergunta cafeana de indole privado: as cáusticas podem ser românticas?
À tua pergunta de indole privado: mais meiga que romantica. Agora faz tu as contas... ;)
ResponderEliminarHum, ou seja, entre o espirito de Arlequim e o do Pierrot, tu és claramente do clube do primeiro... (Para entender isto de forma clara, há que ver o espectáculo!)
ResponderEliminarAo vivo e a cores !!!
ResponderEliminarMya (Kuatica): este espectáculo vê-se sim, mas também se sente, se cheira, se ouve e se saboreia. E mais não digo...
ResponderEliminarQuem leva o vinho?
ResponderEliminarLevas tu, que eu vou estar no palco!
ResponderEliminarOk boss
ResponderEliminarNada de vinho malaquias ou naquelas embalagens de cartão... Hehehe
ResponderEliminarAchas? Uma Kaustika com uma embalagem de cartao e akompanhada por um Malakias ?? Por favor, considera-me.
ResponderEliminarSem dúvida. Não combina contigo!
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