
Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.
Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.
Nada. Ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.
E eles quedam mordidos para sempre.
deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.
Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.
Nada. Ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.
E eles quedam mordidos para sempre.
deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.
Carlos Drummond de Andrade
Só podia ser Drummond...nu, cru, mas lindíssimo!
ResponderEliminarUm dos meus preferidos. E já que estou caminhando pelos seus passeios...
ResponderEliminarPorque razão os grandes poetas, e a grande poesia fala sempre esta linguagem clara, limpa, cantante, humana, simplesmente humana?
ResponderEliminarQuando leio um grande poeta raramente vou a um diccionário, a uma gramática, ou a um manual de retórica. Não preciso. Está lá tudo isso, mas sem se notar.
Talvez por que as palavras, a gramática, a retórica não sejas formas de exibição, objectos de vaidade. Há quem se sirva delas, e há quem as saiba servir. Só os grandes poetas conhecem a diferença.
Ab
ZC