
Europeu, me dizem.
Eivam-me de literatura e doutrina
europeias
e europeu me chamam.
Não sei se o que escrevo tem a raiz de algum
pensamento europeu.
É provaável... Não. É certo,
mas africano sou.
Pulsa-me o coração ao ritmo dolente
desta luz e deste quebranto.
Trago no sangue uma amplidão
de coordenadas geográficas e mar Índico.
Rosas não me dizem nada,
caso-me mais à agrura das micaias
e ao silêncio longo e roxo das tardes
com gritos de aves estranhas.
Chamais-me europeu? Pronto, calo-me.
Mas dentro de mim há savanas de aridez
e planuras sem fim
com longos rios langues e sinuosos,
uma fita de fumo vertical,
um negro e uma viola estalando.
Rui Knopfli em «O país dos outros», 1959
Eivam-me de literatura e doutrina
europeias
e europeu me chamam.
Não sei se o que escrevo tem a raiz de algum
pensamento europeu.
É provaável... Não. É certo,
mas africano sou.
Pulsa-me o coração ao ritmo dolente
desta luz e deste quebranto.
Trago no sangue uma amplidão
de coordenadas geográficas e mar Índico.
Rosas não me dizem nada,
caso-me mais à agrura das micaias
e ao silêncio longo e roxo das tardes
com gritos de aves estranhas.
Chamais-me europeu? Pronto, calo-me.
Mas dentro de mim há savanas de aridez
e planuras sem fim
com longos rios langues e sinuosos,
uma fita de fumo vertical,
um negro e uma viola estalando.
Rui Knopfli em «O país dos outros», 1959
Fiquei arrepiada... chamem-me o que quiserem, só eu sei o que tenho dentro de mim!
ResponderEliminarNem mais! Fala o Bolicau (branco por fora, mas preto por dentro!)
ResponderEliminarUm grande poeta. O resto são estórias. O que importa é que o que escreveu, está acima, muito acima, das questões de fronteiras e nacionalismos. Que o magoaram muito lá isso magoaram. Ele teve a sua dose de rejeição e injustiças. Mas a sua poesia sobreviveu, sem que hoje se pergunte pela sua nacionalidade.
ResponderEliminarAbç's
ZC
ZCunha, estou convencido que a boa poesia sobrevive sempre. Por isso alguns de nós ainda andam por cá... Abr.
ResponderEliminarA propósito deste lembrei-me de um conto de um escritor Moçambicano que se chama "As mãos dos pretos"- conheces João?
ResponderEliminarVou mandá-lo para o teu e-mail!
um abraço
Catarina Cardoso
Manda sim!
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