17/04/08

Sugar e ser sugado pelo amor




Sugar e ser sugado pelo amor
no mesmo instante boca milvalente
o corpo dois em um o gozo pleno
Que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar o ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.


In «O Amor Natural», poemas pornográficos de Carlos Drummond de Andrade

Imagem: daqui


6 comentários:

  1. Belo poema do Drummond.
    Eu já fui sugada e já suguei por amor...é uma experiência inesquecivél mesmo para o bem e para o mal. É que às vezes o amor suganos de "tal maneira" que esquecemos o próprio amor e depois ele arrasta-nos até à exaustão e a transfusão de dois corpos que se completam e se fundem num sopro de respiração ofegante perde-se da mesma maneira que se perde o "tino", a razão, os sentidos, a noção e depois, de facto não pertence a ninguém, senão ao próprio amor que ao ser sugado passou a cinzas.

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  2. Nada como fazer com a vida nos faz! Até o último estremecimento.

    Abraço

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  3. Nem mais, Virgilio. Sejamos tudo, no pouco que fazemos, já dizia o poeta!

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  4. Belo comment, Anónimo.
    Quem nunca sugou, nem foi sugado, pelo amor? Quem? Inesquecível, de facto!
    Só não entendi, o porquê do "para o bem e para o mal"?

    Será que o resto do comentário ainda é sobre o amor(?), ou já estamos em pleno domínio da pulsão erótica, do desvario da carne, da saudável loucura da entrega sem limites e sem fronteiras (tal o poema do Drummond)!? Erotismo do bom, claro!
    ZC

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  5. Ou não estivessemos a falar de Drummond...

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