Eu acredito que a nossa morabeza em momento algum será “vendida”. Porque em primeiro lugar ela é um sentimento, e os sentimentos não se vendem, pelo que sei, e em segundo lugar porque é algo particular, individual de cada Cabo-verdiano, próprio do dia-a-dia, do quotidiano das nossas gentes, é algo que nos é intrínseca, impossível de ser vendida, mas sim, de ser partilhada com o próximo de forma amável, doce, carinhosa, da forma mais pura dos sentimentos. É nisto que acredito, e espero não ser o único, porque uma coisa é alguém querer que eu faça algo, e outra coisa é eu fazer o que essa mesma pessoa querer (…) os nossos políticos bem podem querer “vende-lo”, mas eu pergunto como é que se vende algo que não está a venda? A morabeza não é nada menos do que saber receber bem os nossos visitantes/ convidados com toda a nossa amabilidade, algo que já nos é característico.
Morabeza é: 1.Noites de música cabo-verdiana ao vivo 2.Comer um bom peixe grelhado, beber umas cervejinhas, e falar descontraidamente a beira-mar 3.Festival da Baia Gatas 4.Carnaval do Mindelo 5.Visitar o Paul e desfrutar das suas pelas paisagens 6.Visitar São Nicolau e as suas gentes 7.Sentir o cheiro da terra molhada 8.Enfim, é tudo aquilo que fazemos e que nos faz ser diferentes
Odair, eu entendo o que tu dizes. Basta ver como estão os nossos convidados todos os anos, quando vêm ao festival mindelact (não referenciado no teu comentário!): quase a chorar e com muita, mesmo muita vontade de voltar. Ou seja, ainda há espaço para este lado bom do ser-se cabo.verdiano. Mas isso nao abdica que considere o texto do Olavo, imediatamente abaixo desta cafeana, muito pertinente, no que se refere ao actual ambiente social do nosso torrão. Abr.
Pode uma crise de mentalidade dar cabo de uma característica tão peculiar que até tem uma palavra intraduzível? (como acontece com a palavra «saudade» em relação ao portugues)... seria outra forma de colocar a pergunta.
Discordo João. Neste dois exemplos as palavras, apesar de bonitas (estética e semânticamente falando) pouco importam. O que verdadeiramente importa é o que lhes dá alma, fogo, e sentido. SAUDADE: vê p.ex. 'Nostalgia' do Tarkovsky, e diz-me com que letras se escreve saudade em russo. MORABEZA: ver p. ex. 'A festa de Babette'; ou p.ex. pensa nesta simples e desarmente expressão brasileira: "Aceita um cafézinho?!" A ênfase está toda no verbo; esta pergunta só por gentil delicadeza o é. Na verdade não é uma pergunta, ou melhor não é só uma pergunta, mas muito mais. É mais a presunção de uma aceitação tácita. Um pedido assim, tão bonito, tão afectuoso, é simplesmente irrecusável. Ou então, a Morabeza que têm os Catalães? Só visto-sentido! Não há nada como conhecermos outras gentes e outras culturas, para descobrirmos o quão próximos estamos e somos uns dos outros, mesmo que digamos essa proximidade, esses grãos de partilha, de mil formas diferentes. Apostar, ou insistir, na ORIGINALIDADE, desta ou daquela forma de expressão dos afectos, e dos sentimento de um povo ou de uma cultura, é, para mim, prova de provincianismo. Uma sorte de 'exotismo' auto-inflingido. Acho, eu. Mas que sei eu destas coisas? Abç's ... com mta poesia, sempre! ZCunha
Pois é João ficou a faltar o mindelact, mas foi um descuido quando escrevi o texto. Claro que não retiro o mérito do texto do Olavo aliás, eu também o considero pertinente, e é característico do estado social como bem dizes, que vivemos em Cabo verde.
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Eu acredito que a nossa morabeza em momento algum será “vendida”. Porque em primeiro lugar ela é um sentimento, e os sentimentos não se vendem, pelo que sei, e em segundo lugar porque é algo particular, individual de cada Cabo-verdiano, próprio do dia-a-dia, do quotidiano das nossas gentes, é algo que nos é intrínseca, impossível de ser vendida, mas sim, de ser partilhada com o próximo de forma amável, doce, carinhosa, da forma mais pura dos sentimentos.
ResponderEliminarÉ nisto que acredito, e espero não ser o único, porque uma coisa é alguém querer que eu faça algo, e outra coisa é eu fazer o que essa mesma pessoa querer (…) os nossos políticos bem podem querer “vende-lo”, mas eu pergunto como é que se vende algo que não está a venda?
A morabeza não é nada menos do que saber receber bem os nossos visitantes/ convidados com toda a nossa amabilidade, algo que já nos é característico.
Morabeza é:
1.Noites de música cabo-verdiana ao vivo
2.Comer um bom peixe grelhado, beber umas cervejinhas, e falar descontraidamente a beira-mar
3.Festival da Baia Gatas
4.Carnaval do Mindelo
5.Visitar o Paul e desfrutar das suas pelas paisagens
6.Visitar São Nicolau e as suas gentes
7.Sentir o cheiro da terra molhada
8.Enfim, é tudo aquilo que fazemos e que nos faz ser diferentes
Abraç tds
Odair, eu entendo o que tu dizes. Basta ver como estão os nossos convidados todos os anos, quando vêm ao festival mindelact (não referenciado no teu comentário!): quase a chorar e com muita, mesmo muita vontade de voltar. Ou seja, ainda há espaço para este lado bom do ser-se cabo.verdiano. Mas isso nao abdica que considere o texto do Olavo, imediatamente abaixo desta cafeana, muito pertinente, no que se refere ao actual ambiente social do nosso torrão. Abr.
ResponderEliminarProduto, não.
ResponderEliminarRótulo sim! Mas a precisar urgentemente de um restyling!
ZC
Pode uma crise de mentalidade dar cabo de uma característica tão peculiar que até tem uma palavra intraduzível? (como acontece com a palavra «saudade» em relação ao portugues)... seria outra forma de colocar a pergunta.
ResponderEliminarDiscordo João. Neste dois exemplos as palavras, apesar de bonitas (estética e semânticamente falando) pouco importam. O que verdadeiramente importa é o que lhes dá alma, fogo, e sentido.
ResponderEliminarSAUDADE: vê p.ex. 'Nostalgia' do Tarkovsky, e diz-me com que letras se escreve saudade em russo.
MORABEZA: ver p. ex. 'A festa de Babette'; ou p.ex. pensa nesta simples e desarmente expressão brasileira: "Aceita um cafézinho?!" A ênfase está toda no verbo; esta pergunta só por gentil delicadeza o é. Na verdade não é uma pergunta, ou melhor não é só uma pergunta, mas muito mais. É mais a presunção de uma aceitação tácita. Um pedido assim, tão bonito, tão afectuoso, é simplesmente irrecusável. Ou então, a Morabeza que têm os Catalães? Só visto-sentido!
Não há nada como conhecermos outras gentes e outras culturas, para descobrirmos o quão próximos estamos e somos uns dos outros, mesmo que digamos essa proximidade, esses grãos de partilha, de mil formas diferentes. Apostar, ou insistir, na ORIGINALIDADE, desta ou daquela forma de expressão dos afectos, e dos sentimento de um povo ou de uma cultura, é, para mim, prova de provincianismo. Uma sorte de 'exotismo' auto-inflingido. Acho, eu. Mas que sei eu destas coisas?
Abç's ... com mta poesia, sempre!
ZCunha
Pois é João ficou a faltar o mindelact, mas foi um descuido quando escrevi o texto. Claro que não retiro o mérito do texto do Olavo aliás, eu também o considero pertinente, e é característico do estado social como bem dizes, que vivemos em Cabo verde.
ResponderEliminarAbraç
Que sabes tu destas coisas? Sabes muito, acredita. Eu, depois desta, meto a minha viola no saco e vou cantar num outro post...
ResponderEliminarOdair, tranquilo. Aliás, isso nao retira nenhuma pertinencia ao teu comentário. Abr. e muita poesia.
ResponderEliminarJB... vê la se isto tem algo a ver ou (...) ..tens cá o link http://vavalandia.blogspot.com/2008/03/propsito-da-morabeza-crioula-arte-de.html#links
ResponderEliminarVou espreitar e linkar! Abr. JB
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