Nem toda a gente o faz, mas isto é realmente notável em CV e na minha opinião deve-se ao nosso passado colonial, em que os Senhores "respeitados" eram os portugueses. Contudo, verdade seja dita, mta gente em CV fala português, e mtas vezes pretuguês, "sô p dá show" :p.
Sisi: é isso mesmo, muitas vezes o português só é utilizado para dar aquele «show»!
Baluka: pois, mas o estranho é manter-se essa «mania», não? Sendo o nosso crioulo lingua materna e principal veículo de comunicação... Porque será? Já estou como o Paulino: merece uma tese de Mestrado, no mínimo! Abraço
Bagaço: oh bagaço, estranho se fosse de outra forma. Agora imagina que para se impor respeito, em Portugal, os portugueses falassem... latim. Isso sim, teria alguma analogia!
Desculpa João, mas não concordo com a resposta que deste ao Bagaço. A comparação não colhe porque latim que eu saiba não é lingua oficial em Portugal. Mas o português é lingua oficial em Cabo Verde. Não percebo o que tem a língua a ver com o respeito ( e maltratei-a propositadamente) ou com a falta do dito. A forma como ela é usada isso sim... ou a forma que ela assume nas nossas cabeças (provavelmente associamos o uso do português a rigorosas professoras da quarta classe de régua na mão a impôr respeito a uma turma de jovens em plena puberdade). Desculpa um comentário tão longo (lol)
Sanpadjud, és capaz de ter razão. Ainda hoje, ao ler um texto sobre o periodo Filipino em Portugal, me lembrei desta questão. Nessa época a corte portuguesa era bilingue, portuguesa e castelhana. A lingua castelhana era oficial por razões politicas. E porventura, este será um exemplo mais adequado. Portugueses a gritar em espanhol para impor mais respeito a portugueses... A questão aqui não está num eventual «desrespeito» ou dar pouca importância à lingua portuguesa. Nada disso. Sempre considerei que o português é fundamental para a inserção do crioulo no mundo. É uma porta enorme, que não pode, não deve ser fechada. Mas isso não invalida que seja o crioulo, lingua materna, a base da comunicação entre todos nós, e que seja por isso paradoxal que se utilize, quase de forma inconsciente, o português, quando se quer «impor respeito» ou «dar aquele show». Mas isto dá pano para mangas, não é?
Eis uma questão realmente difícil de analisar e encontrar um consenso.
Falar em Português para dar uma ordem acho tão ridículo,sem fundamento, de todo desnecessário.Se nós todos podemos entender no nosso lindo Crioulo!
Outra questão é que tanto o Crioulo com o Português, em Cabo Verde, os seus pontos de contactos andarem muito próxima uma da outra. Dai a confusão que possa gerar, uma indiscriminação de situações onde devemos usar o Crioulo em detrimento do Português e vice-versa. No fundo é a dualidade linguística que nos caracteriza.
Na minha opinião devemos de ver esta questão a luz da história. Ou seja, aquando do achamento os escravos e as suas linguas eram consideradas como inferiores, leiam alguns livros e boletins oficiais dos séculos 15 a 19, por exemplo. Deste modo, os povos colonizados deparavam com assemtrias, pricipalmente no que toca às relações de poder onde a lingua do colono era concebido como a lingua oficial, mas não só, era visto como - a lingua -, por outro lado, o resto eram dialectos ou formas primitivas de comunicar. O caso cabo-verdiano é interessante porque os cabo-verdianos "incorporaram" a sua própria lingua, primeiro como uma "não-lingua" mas dialecto ou uma lingua menor ipso facto não lhe servia para competir na relação de poder como o colono. Em casa, nos serviços e não só há pessoas que utilizam a lingua portuguesa para reproduzir a ideologia vigente do periodo colonial, onde para se mostrar uma certa superioridade devia-se falar - a lingua(superior) - o português. Pode-se ver o acto de falar português como uma forma de "da Show", mas para mim é mais uma forma de manter e mostrar uma certa superioridade. Para alguns, o criolo é um "português mal falado", agora podemos porguntar também se o português é um "latim mal falado". As pessoas esquecem-se(?) de que todas as linguas derivam de misturas e que não existe pureza linguistica. Temos de ir mais a fundo neste assunto e desconstruimos a ideia que o criolo não é uma lingua "para se impor respeito". Paulino e João Branco, vocês colocaram um questão importante e premente, mas que ainda é um tabu na nox terra. Português é important pa nox, ma nox criol é nox primer natureza. No nascé na el i no devé valorizal, pa mi não é uma questão nacionalista, ma antes uma atitude ante a realidade dos factos, "o nosso quotidiano é em criole". O resto é receio e complexo de assumir o nosso criolo como uma lingua séria, pois todas as linguas são sérias. A meu ver, o que não é sério é a falta de RESPEITO, mas principalmete a falta de RECONHECIMENTO das linguas, seja quais forem, como legitimas e sérias. Abraços!
Bem, quem quiser ter um ponto de partida para a sua tese de mestrado sobre esse tema, é só vir aqui ler o comentário do caro Anónimo da meia noite e um quarto! Obrigado pela colaboração.
Nem toda a gente o faz, mas isto é realmente notável em CV e na minha opinião deve-se ao nosso passado colonial, em que os Senhores "respeitados" eram os portugueses. Contudo, verdade seja dita, mta gente em CV fala português, e mtas vezes pretuguês, "sô p dá show" :p.
ResponderEliminarAbraço!
Porque durante 500 anos, neste país que era colónia portuguesa, quem era respeitado e respeitoso falava português.
ResponderEliminarAbraço.
olha que giro. em Portugal fala-se português quando se quer faltar ao respeito. :)
ResponderEliminarSisi: é isso mesmo, muitas vezes o português só é utilizado para dar aquele «show»!
ResponderEliminarBaluka: pois, mas o estranho é manter-se essa «mania», não? Sendo o nosso crioulo lingua materna e principal veículo de comunicação... Porque será? Já estou como o Paulino: merece uma tese de Mestrado, no mínimo! Abraço
Bagaço: oh bagaço, estranho se fosse de outra forma. Agora imagina que para se impor respeito, em Portugal, os portugueses falassem... latim. Isso sim, teria alguma analogia!
É o complexo falando sempre mais alto João...realmente, tese para aprofundar de forma absoluta!
ResponderEliminarDesculpa João, mas não concordo com a resposta que deste ao Bagaço. A comparação não colhe porque latim que eu saiba não é lingua oficial em Portugal. Mas o português é lingua oficial em Cabo Verde. Não percebo o que tem a língua a ver com o respeito ( e maltratei-a propositadamente) ou com a falta do dito. A forma como ela é usada isso sim... ou a forma que ela assume nas nossas cabeças (provavelmente associamos o uso do português a rigorosas professoras da quarta classe de régua na mão a impôr respeito a uma turma de jovens em plena puberdade).
ResponderEliminarDesculpa um comentário tão longo (lol)
Tens que admitir que a resposta do Bagaço foi no mínimo muito engraçado :)
ResponderEliminarE custa a entender, não é? Mim, gó, kónd un ta flipá, un ta dá grito é só na nôs lind crioulo! É más sabe! hehe
ResponderEliminarSanpadjud, és capaz de ter razão. Ainda hoje, ao ler um texto sobre o periodo Filipino em Portugal, me lembrei desta questão. Nessa época a corte portuguesa era bilingue, portuguesa e castelhana. A lingua castelhana era oficial por razões politicas. E porventura, este será um exemplo mais adequado. Portugueses a gritar em espanhol para impor mais respeito a portugueses... A questão aqui não está num eventual «desrespeito» ou dar pouca importância à lingua portuguesa. Nada disso. Sempre considerei que o português é fundamental para a inserção do crioulo no mundo. É uma porta enorme, que não pode, não deve ser fechada. Mas isso não invalida que seja o crioulo, lingua materna, a base da comunicação entre todos nós, e que seja por isso paradoxal que se utilize, quase de forma inconsciente, o português, quando se quer «impor respeito» ou «dar aquele show». Mas isto dá pano para mangas, não é?
ResponderEliminarQuem arrisca uma tese de mestrado?
Eis uma questão realmente difícil de analisar e encontrar um consenso.
ResponderEliminarFalar em Português para dar uma ordem acho tão ridículo,sem fundamento, de todo desnecessário.Se nós todos podemos entender no nosso lindo Crioulo!
Outra questão é que tanto o Crioulo com o Português, em Cabo Verde, os seus pontos de contactos andarem muito próxima uma da outra. Dai a confusão que possa gerar, uma indiscriminação de situações onde devemos usar o Crioulo em detrimento do Português e vice-versa.
No fundo é a dualidade linguística que nos caracteriza.
Abraç tds
Pois é, Daka, há cafeanas mais complicadas, e esta é, certamente, uma delas. Mas a culpa não é minha! É do Paulino, que ma propõs via mail!
ResponderEliminarNa minha opinião devemos de ver esta questão a luz da história. Ou seja, aquando do achamento os escravos e as suas linguas eram consideradas como inferiores, leiam alguns livros e boletins oficiais dos séculos 15 a 19, por exemplo. Deste modo, os povos colonizados deparavam com assemtrias, pricipalmente no que toca às relações de poder onde a lingua do colono era concebido como a lingua oficial, mas não só, era visto como - a lingua -, por outro lado, o resto eram dialectos ou formas primitivas de comunicar. O caso cabo-verdiano é interessante porque os cabo-verdianos "incorporaram" a sua própria lingua, primeiro como uma "não-lingua" mas dialecto ou uma lingua menor ipso facto não lhe servia para competir na relação de poder como o colono.
ResponderEliminarEm casa, nos serviços e não só há pessoas que utilizam a lingua portuguesa para reproduzir a ideologia vigente do periodo colonial, onde para se mostrar uma certa superioridade devia-se falar - a lingua(superior) - o português. Pode-se ver o acto de falar português como uma forma de "da Show", mas para mim é mais uma forma de manter e mostrar uma certa superioridade.
Para alguns, o criolo é um "português mal falado", agora podemos porguntar também se o português é um "latim mal falado". As pessoas esquecem-se(?) de que todas as linguas derivam de misturas e que não existe pureza linguistica. Temos de ir mais a fundo neste assunto e desconstruimos a ideia que o criolo não é uma lingua "para se impor respeito". Paulino e João Branco, vocês colocaram um questão importante e premente, mas que ainda é um tabu na nox terra. Português é important pa nox, ma nox criol é nox primer natureza. No nascé na el i no devé valorizal, pa mi não é uma questão nacionalista, ma antes uma atitude ante a realidade dos factos, "o nosso quotidiano é em criole". O resto é receio e complexo de assumir o nosso criolo como uma lingua séria, pois todas as linguas são sérias.
A meu ver, o que não é sério é a falta de RESPEITO, mas principalmete a falta de RECONHECIMENTO das linguas, seja quais forem, como legitimas e sérias.
Abraços!
Bem, quem quiser ter um ponto de partida para a sua tese de mestrado sobre esse tema, é só vir aqui ler o comentário do caro Anónimo da meia noite e um quarto! Obrigado pela colaboração.
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